Não sei como explicar isto, mas não está fácil.
Por diversas razões, optou-se por ter motorista cá em Luanda: uma questão de comodidade, o facto de eu ser demasiado desorientada para conduzir nesta cidade onde o trânsito é absolutamente caótico (caótico mesmo, a 2ª Circular é espectacular comparado com o trânsito daqui - ora atentem aqui uma pequena reportagem que deu aqui na TV Zimbo, onde o senhor jornalista para explicar bem até se mete no meio da estrada ), por se perderem horas a fio num engarrafamento, pela dificuldade de estacionamento na cidade, pela necessidade de ter alguém que nos faça pequenos recados sempre que precisarmos sem ter de passar horas numa fila.
Mas a coisa em 2014 não está a ser fácil. Vamos por partes:
Motorista nº 1, de seu nome Mauro: o Mauro já estava connosco há uns largos meses, há quase um ano. Mas o Mauro foi mal habituado pelo Francisco, e quando assim é logo no início dificilmente se conseguem tirar os vícios destes meninos. O Mauro (cujo seu nome verdadeiro era Francisco!!!!!), ao fim de semana era segurança numa discoteca, tinha 31 anos e ser nosso motorista era um complemento. Porque como calculam ser motorista aqui não é um trabalho muito pesado (a não ser que seja motorista de camiões e aí a conversa é outra!!).
Mas o Mauro achava que motorista que se preze tem que ter horas fixas: horas fixas de saída, e horas fixas de almoço. Uma coisa interessante porque nos lugares onde trabalhei, também as tinha, mas apenas na teoria. Nunca tive hora de saída e ía almoçar quando dava.
Às 14h impreterivelmente, o Mauro considerava que tinha de ir almoçar, e tinha de ir almoçar a casa, durante uma horinha.
Ora vamos cá esclarecer, eu não quero que não se almoce. Acho muito bem que se almoce e lanche, porque queremos é malta com energia, mas não às horas que o staff decide, porque acha que TEM de ir almoçar a casa. As abébias dadas pelo Francisco deram em mau resultado. Quando passava das 18h (sim como se se nós saíssemos às 18h em ponto para o menino se pôr na alheta) e o Mauro não ía para casa, começava a ficar de mau humor!!! Mas ficou mesmo muito chateado, quando o Francisco o chamou a atenção que se precisasse dele às 14.30h ele não podia responder que só podia às 15h, porque estava a almoçar!!
Vai daí e no dia seguinte nada de Mauro (sim, tinha o hábito de faltar aí duas vezes por mês, sempre incomodado), resolveu não aparecer nem dizer nada. E atalhando aqui a questão, o Mauro achou por bem que preferia não ter trabalho, do que um emprego em que na loucura tivesse que almoçar à uma tarde ou até mesmo às 15h. O Mauro lá foi à sua vidinha e nós ficamos agarrados.
Motorista nº2, o Giovani. O Giovani foi-nos proposto por um amigo do Francisco. O Francisco lá falou com ele, e na 2ªfeira o Giovani ficou de se apresentar nos Coqueiros, junto ao banco onde vivemos. À hora combinada telefonou-lhe e disse que já tinha chegada e estava à sua espera . Mas o Francisco quando saiu de casa não o viu. Eis que à hora de almoço o Giovani explicou que tinha visto uns coqueiros (entenda-se palmeiras) ali na Marginal e um banco e resolveu por auto recreação ficar lá, porque achava que era ali. Mas não, não era!! Coqueiros são um bairro, não um aglomerado de palmeiras! Ninguém o pode acusar de falta de imaginação.
Perante esta atitude percebemos que havia um problema: ora se o motorista contratado acha que os Coqueiros é na Marginal, como é que ele sabe onde são os restantes sítios??!?!!??!?! Nesse dia queria ir a Talatona, ficou fora de questão "Hummmm só lá fui uma vez!!" Porreiro, pensei eu! Com um motorista que conhece Luanda pior que eu, vai ser muita giro.
Após mais umas questões para perceber mesmo bem o seu grau de conhecimento da cidade onde estava contratado para ser motorista, as respostas foram do género: "Não sei.", "Não estou a ver" e "Sou novato aqui". Pois és Giovani, tu e eu! Com pena, a coisa não resultou.
Motorista nº3, o Domingos. Aqui ao Domingos nem lhe cheguei a pôr a vista em cima. Falou com o Francisco a uma 2ª feira; disse que só podia trabalhar na 4ª. Lá esperamos o Domingos, mas o Domingos nada. Foi ter ao escritório do Francisco eram quase 9.30h e a essas horas já se trabalha. Continuava muito doente, gripado! Só podia ir trabalhar na 2ª feira. Ainda hoje podíamos estar à espera do Domingos, que nunca mais nos disse nada. Tal não era a vontade para trabalhar.
Motorista nº4, não sei o nome. Por questões de higiene, não foi possível ficar com este motorista mais do que algumas horas.
Motorista nº5, o Benguela. O actual. "Ah és Benguela porque és de Benguela?!" Não, o Benguela é do Kwanza Sul. Tem quatro filhos e ainda não percebi se vivem com ele ou não. O Benguela lá se vai esforçando, chega a horas, às vezes passa uns encarnados e não é nenhum Ayrton a conduzir (apesar de ter sido motorista de camiões!!!) . Mas é simpático e parece ser sério. E isso para nós conta muito e por isso o Benguela por aqui vai ficando.
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